Calendoscopiando a Alma!

"todo poema é uma aventura planificada" (C.L.)


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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Avareza... azeda!





Riqueza minha riqueza
Quero você sobre a mesa...
Escondo o que tenho
é tudo pelo que vale...

Você não é o que tem...
O que é meu não divido com ninguém...
Se não gostou tudo bem...
No fim só eu vou me dar bem...

O inferno eu comprei...
O céu? Inteirinho lotiei...
Tudo o que tiver, e
Você puder, é meu, já paguei!

Respiro o ar que eu mesmo sufoco...
A solidão é o meu foco...
Porque ela é minha também...

Seu amor, é meu!
Sei coração necrosei...
Tecido morto que eu te dei...
Tudo o que sou? Comprei!

GULA



ela acha que pode
Esconder a sua sorte
Na doçura de um pote
No fundo de um pedaço...
Em um biscoito da sorte?

Ela acha que quer
Crescer e ser mulher...
Comer para não se ver...
Se ver e depois esquecer...

compulsão para se entender....
Gostar de ser gulosa
De ter muitas comidas...
Tortas....

E sempre mais e mais querer...

Comer....
Prazer...
Ter, ser...
O meu ego é quem te qualifica
Você é um nada eu sou o tudo....

A minha vontade justifica o mundo
Eu quero sempre mais e mais te comer...

compulsão






Hoje eu percebo o quanto engordei...
Engordei por não ter carinho...
Engordei por me ver sem ninho...
Simplesmente engordei por não comer...

Hoje me olho no espelho
E no fundo o que vejo é total desprezo...
Desprezo pelas minhas necessidades...
Porque você vive suas vidas tão cheias...
Que eu não tenho tempo de querer...

Assim vou sendo compulsiva...
Assim vou tendo desmedida
Essa vomtade de me conter...
De não comer... De não me ver...
De morrer?

Até quando fecharam os olhos para mim?
Mas quantas de nós teremos que sofrer...

Porque a doença não está só em mim...
Está na falta de você...

Você que não quer me ouvir...
Que não quer chorar comigo...
Que não tem tempo a perder...

E o que está em mim?
Um bicho... Cego e faminto...
Que ao longo dessa vida me sugou de mim mesma...
E fez você me esquecer....

Compulsão labirinto....
Lobo faminto...
Em que ponto da vida iremos descer?

Fome




O que será que me dá essa fome?
O que me torna um ser sem nome?
O que me faz pensar tão longe?
E saber que é tão grande esse vazio?

O que me torna menos humano?
Porque não olho pra o umbigo do outro?
Porque só quero o que me dá prazer?

Porque fecho o vidro,
Viro a página,
Desvio o caminho,
Para fingir que não vi você morrer?

Porque me regojizo em meu churrasco de domingo?
E encho todo fim de semana a cara com os amigos?
Enquanto você me pede um pouco de abrigo
E eu ignoro você?

Não é muito
Não é tudo o que tenho
Mas me custa muito te ver
Porque falta em mim
Um apreço
E sobra um desespero
Da vontade compulsiva de comer....

Você é um nada escuro
Eu me conforto em cima do muro...
Assim, só reclamo de tudo...
Porque no fundo cansei de viver...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

pensamento

Missão


Tempos soturnos
Momentos de guerras entre mundos
Bem contra mal
Seres sobrenaturais
Momentos fatais...

E os dois lados em eternas discussões
Cada um com suas próprias questões
Mas és que surge de um grão de mostarda
um menino sujo, nojento
que todos querem se negar a estender a mão

O garoto caminha , em seu olhar solidão
em seu peito perdão, amor , irmãos...
A todos os seres estendia a mão...
Conversa com o tempo....
Com o ar cantava algumas canções...

Correu o mundo, chorou sangue,
Negou a si mesmo, desejou jamais ter existido
E os dois lados poucos se importavam com aquele menino perdido
Estavam ocupados demais com suas angustias...
Inventaram religiões, estados, estruturas, literaturas,
E o menino continuava a caminhar...

Os dias passaram, os anos foram sepultados
E a guerra quando irá acabar?
Não a redenção, são todos ilusão...
E o que sentem? Mas uma criação...
Para negar o menino que passa....

Mas ele vai, cabelo ao vento...
Doçura em seus gestos...
Dúvidas na língua....

Cabeça pensante...
Olhava aqueles seres angustiantes...
Angustiados em si mesmos...
Presos em seus próprios medos...
E em seus infundados desejos...

Errante ele ia...
E muitos o seguia...
Mas tantos não o entendiam...
Alienados que já estavam...
Ele não queria seguidores,
Não queria conquistas...

Dinheiro, amores, posses, terras
Nada disso era seu propósito....
A nada disso estava destinado...
Ele era um ser incompreendido...
E já estava entediado daqueles vícios
Aos quais os dois lados se prendiam...
E se distraiam...

O menino sabia que ele pertencia a uma única magia,
Sabia que o seu destino era amar...
E cultivar esse amor.... Amar a todos....
Sonhar bem alto...
Negar as posses....
Subir os muros....

E tirar a venda daqueles obscuros olhares ofuscados...
Assim ele ia, mais ninguém o ouvia...
Porque era preciso aquecer o coração e estar ligado
Com a essência de sua verdadeira alma: o sorriso sonhado.


Questões sobre o nada.




Hoje é como se fosse um dia oco
Não sinto a vida, não sinto o tempo
Vejo tudo pouco, efêmero existir...

Ainda não sei o que quero
E nunca saberei...
Terei sempre uma projeção...
Uma sensação de estar certa...

Certezas não existem...
E procurar por elas é autonegação...
Cuspo na minha propria mão
Nego o verbo obcessão?

Aonde chegaremos então...
Para onde os nossos sonhos nos levarão...
Eterna questão... Vontades em vão...
De ser sempre o nada sei...

Deixar esquecido o seu perdão...
Chorar o sangue de cada decisão...
Viver é uma eterna imprecisão...

domingo, 21 de junho de 2009

Conversa de nós (eu para mim)




Pintei as unhas e sai para ver as margaridas,
Olhei ao redor, senti os desencantos desta vida,
Fiz meu suor molhar com sangue a sua camisa,
E deixei pra trás todo rastro de ternura contida

Vesti a roupa e sai desnuda de mim mesma,
Estive tão perto mais não soube como recebê-la
Bom dia vida, adeus tristeza...
Não há mais frestas na porta do desapego,
Sou tua, na aresta do meu travesseiro.

Engrossei as pernas, peguei o trem,
Passei perfume, e logo que te vi gritei!
Espere por mim! Não chora assim...
Sei que não sou a mesma de quando me apaixonei
Ainda quero tentar mais uma vez...

Não diga não, seu não me traz o silêncio,
Insensatez, te dou meu sim ou meu talvez!
Sou indecisa, sou mulher, sou menina
Dona de tantos por quês!

Aonde agora? Sai do trem...
Cheguei em algum lugar que não sei.
Andei com pressa, procurando seu rosto
A multidão me engoliu... Desgosto...

E quando já a aurora cintilava
Eu estava ali, cabisbaixa, sentada
Você chegou tão afoito
Me viu, correu, deu-me um beijo no rosto

E dos seus olhos lágrimas brotaram
E de cada gota nasceu um novo passo
De cada passo uma flor, um abraço...
Violetas são teus olhos!
Sinceras tuas palavras!

Vamos amor,
Juntos somos mais, somos dois!
Além das lágrimas de estrelas
Acima do eixo, depois da esquerda
Lá é o nosso refugio!
Seu amor: Fortaleza.


terça-feira, 16 de junho de 2009

Partes de mim...


Hoje estou muito longe dos outros
E perto de mim, próxima do fim...
Botando pra fora o que não quero
E juntando todos os cacos do que sou...
Eu queria era sussurar no seu ouvido
Toda frase que digo e não sei dizer
Você é poesia que me impulsiona a
Escrever...

O que será que acontece com o poeta
Que por amor perde sua inspiração,
O alguém que o motiva a ser poeta?
Será o fim da poesia?

Agora guardo o que sobrou,
Coloco o meu resto nessa junkbox da minha vida
E sigo pela estrada de pedrinhas coloridas
Esperando um sinal seu para continuar...





Beatles


Beatles é saudade
Saudade do que nem se viveu
Saudade da sua vaga única nas ruas de Londres...
Ouvir Beatles é se embriagar de saudosismo
De nostalgia de um momento não vivido
De um momento em que eu não estava lá...

Toda vez que os escuto me Dá um arrepio me dá um calafrio
Ouvir Beatles é chorar... É chorar sua alma em mesa de bar
É não estar mais ali porque só eles podem estar em você
Só eles podem te preencher e te fazer sentir o que é viver o que é amar.

Meu Lugar


Estou aonde deveria estar,
Dentro de mim
Na profundeza do meu lugar
Estou aonde quero estar
E não venha me buscar

O oceano que sou nem eu sei navegar
Esquecer do mundo ao meu redor
Dar licença para se retirar
Afundar no que sou
Entender meu proprio amor
Me deixa estar

Estou aonde deveria estar
Minha concha é confortavel
Meu castelo de marfim admirável
Sou essa que se lê em um olhar
Sou tão densa que não ouso me tocar

Mas agora quero ir lá
Desbravar de pará quedas
no que sou
Lá onde você não pode me encontrar
Da licença que eu quero entrar.

Verdade





Eu to sempre perdendo o medo e
Não quero achá-lo mais...
É hora de tentar não temer
E se perder demais...

Que bom que eu te dou o pão
E você o transforma em palavras
Que bom que eu te dou o tom
E você distorce a minha fala...

E agente chora de verdade
Em conversas virtuais
Conversas de telefone
Porque quando agente se vê
Eu esqueço até o meu nome
Nego quem sou.

Meu poema é o poema
Da verdade.
Se você tem medo da mudança
Fecha neste instante seus lábios
E não me leia em voz alta
Sou capaz de causar estragos

Hoje estou abandonando o velho que fui...
E me tornando a velha que sou...
Ser velho é bom
Quando se está na hora.

Coração Vermelho



Escreva com letras vermelhas:
Viva a revolução!
Dos amores vadios...
Das noites de sussurros
Dos ouvidos surdos
Pelas bombas explodidas

Pegue em armas
Beije sua mãe com saudade
Deixe o que você foi no passado
E lute pelo que for certo
Pelo seu ideal repleto de verdade

Que lindo é revolucionar o amor
O estado das palavras
E acabar com a vida vigiada
Por aqueles que a espreitam
Mas não são capazes de identificá-la
Vocês que se acham donos da mesa de cartas
Carrascos de sonhos, serão chicoteados
Por suas realidades que não passam de conceitos infundados.

Fedorentos,
Porcos
Os seus destinos são
as sombra daqueles
Que um dia tentaram calar...
A valsa se foi
Mas o sonho tornou-se real?

entre sem bater....

"Se o amanhã é um mistério, porque me preocupo tanto com o que ainda virá? É tão rara a calma de um olhar. Ao conversar com Deus, dobro os meus joelhos, sinto uma brisa suave. É onde encontro esta calma, este momento de alegria, que vai além de um instante, durará eternamente em mim." (Ana Catarina Braga)

Quem Vem de Lá?

Ela... Poesia concreta.. feita por mim... por nós... por quem surgir..."O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo." (Clarice Lispecto)