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"todo poema é uma aventura planificada" (C.L.)


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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Reflexões recorrentes




Aonde mesmo eu fui parar?  Essa é a pergunta mais frequente em minha vida. Sei que sempre estou em algum lugar entre o ontem e o amanhã. Mas sendo mais concreta o "aonde eu fui parar" nem sempre tem as resposta na hora que se faz a pergunta. Chego a conclusão de que não estamos em um mundo de ciências sempre exatas. E no final, agente não entende muita coisa mas, ainda assim, sente a vontade de continuar vivendo. 
Ontem falei para uma grande amiga que seria muito mais simples se apenas nos contentássemos com a natureza do nascer. Mas somos tão inquietos, queremos tanto o desconhecido e anseiamos pelo impreciso que desejamos sempre mais. E assim chego a mais um clichê que faz parte de nós: O nosso desejo pode nos matar ou nos manter vivos. Isso é fato. Pode nos matar, porque as vezes não medimos as consequências da bala, queremos apenas o prazer de atirar. E pode nos manter vivos porque quando algo dá errado e quando todos te dizem: " não você não vai conseguir!", é o seu desejo (e outros fatores, mas estou no foco do desejo aqui) que te impulsionam a continuar, e a não desistir de si mesmo. Afinal, para viver é necessário doses cavalares de coragem. E sempre que possível deixar para trás toda a culpa e medo. 
Viver no " como poderia ter sido se" é uma prisão para nossa alma. Precisamos ser objetivos e viver com o que temos, e somos, no instante agora. Sim, é essencial fazer planos, mas desnecessário e destrutivo " viver nos planos". As vezes também temos que perder a confiança em nós, as vezes também temos que duvidar das nossas escolhas e ações, faz parte da vida, da reflexão do existir. Isso é o " viver é verbo" que a Clarice Lispector nos chama à responsabilidade, em muitos dos seus escritos.  
Nossa natureza é contraditória, e sim somos imprecisos! Não temos o controle de todos os resultados da nossa vida. Se convencer de que temos o controle é um desgaste emocional desnecessário. Constatar os nosso limites e falhas é sinal de que verdadeiramente estamos neste mundo para o que viemos: Aprender a viver. Não pedimos para nascer, mas, já que estamos aqui só nos resta aprender. 
É claro que você pode entender as consequências das suas ações pelo sistema de valores que adquiriu ao longo da vida, pelo que aprendeu com as experiências (suas e dos outros ao seu redor),  e também pelo conhecimento que possui de suas limitações individuais. Mas entender e prever ( ou tentar) as consequências de suas ações é diferente de senti-las e vivê-las. E ai caímos em mais um clichê: Só quem viveu é quem pode dizer como é! 
Diante de todas as reflexões recorrentes chego a alguns momentos: Como posso reconquistar a segurança para que mesmo que não saia como eu quero eu não me frustre demais? Bom. Não sou nenhuma conhecedora da criação de forma tão profunda. Mas sei que não temos como garantir nada. Podemos nos pegar na " independência financeira", na " realização profissional", no plano de construção " de uma família estável" ou na aparente segurança de ser " solteiro convicto" e evitar sofrimentos. Mas nada disso é garantia de nada (mais uma vez repito). A felicidade é como um feixe de luz que escapa dos nossos dedos. 
E viver para buscar a satisfação holística não é certeza de garantir felicidade. Alimentar o nosso ego não nos torna felizes. Podemos ter instantes de satisfação, de desejo saciado, mas isso não é a tal felicidade. 
E o que eu faço? Bom tento não ser feliz. Como assim? Isso é mentira diriam muitos. Mas é verdade. Não buscar a formula da felicidade, o controle de tudo e todos para mim é ser feliz. Porque quando não espero muito, quando não busco tanto,  quando não sinto a necessidade de aprovação, quando percebo que sou fraca e que as vezes minha força não vale de nada deixo de viver na angustia do que não tenho, de quem não consegui ser (de acordo com o que tracei, ou de acordo com o que esperam de mim), e do que não conquistei ( como que queria). E ai sim, sou verdadeiramente feliz porque me pego sendo apenas eu. E isso já é muito grande e, as vezes requer muito trabalho. Então hoje, em minhas reflexões recorrentes, venho dizer que estou tentando o mais difícil para qualquer ser humano: Ser eu mesma! E assim sou feliz demais! 

Amém.

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