Era noite de carnaval
Voltava eu, errante meio mau
Cambaleando pela Rua da Alvorada
Deixando pelos cantos uns pedaços do tamanco
Eu ia, ai, seguindo a multidão...
E de repente em meio a gritaria
E aos sons de foliões
Eis que me deparo ali,
Com um gato preto a sorrir
Parei, olhei e me indaguei:
Será que rir de mim?
Me senti desnuda, sem censuras...
E fiquei a observar o gato preto
Que parecia mesmo me encarar
Dizia mais de mim do que eu podia falar
E sem nem sequer abrir a boca para miar
Como podia?
Eu sabia o que ele dizia,
Ali naquela calçada
Insistindo em olhar...
Era um sorriso de realidade
Um sorriso de concretude
Como um tijolo que cai do
Décimo andar,
Aquele gato ali,
Me dizia assim:
Ana já te vi,
Não vá fugir de si!
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